Salve Salve moçada!!
Estou aqui refletindo sobre a vida em mais uma madrugada sem sono.
São 02:00 da manhã de quarta-feira, curtindo um Ratto - Vida Cigana..
Falando sobre isso... Meu Deus, quem não me conhece, irei relatar uma passagem da minha vida, minha vida cigana, que é muito bacana, serviu muito pra mim.
Era Maio de 2005, eu tocava em um extinto bar da cidade, todas as quintas feira com uma banda de Reggae, o bar era o Brazuka Bar (tempo doido), a banda era formada por Neronte (eu ) nos graves, Tiago - Guitarra e vocal, Carlinhos - Teclado e vocal e Bahia - percussão. Na época eu não me importava muito pelo curso de Publicidade, nem pensava em seguir carreira, queria diversão, zueira, festa. Meus amigos também.
Um certo dia tudo mudou. Eis que entrou pela porta um homem bem vestido, que se dizia amigo do Bahia, comentando sobre uma casa de shows que iria abrir no litoral do Paraná, mais precisamente Caiobá. Falou que estava atrás de músicos na cidade e que recomendaram Eu para os graves, Tiago para guitarrista, Carlinhos pro teclado e Bahia para a percussão. (sim, se vocÊ pensou "ué.. é a banda toda", acertou!") Pois bem, imagine a minha situação = Não namorava, não tenho filhos, não estava nem aí para a faculdade e o que queria era festa, farra., morar na praia e tocar todos os dias não era tão ruim assim né?!
Foi-se Neronte, ensaiar com a banda toda, que era composta por mais 3 músicos (Márcio nos vocais, Valcir nos vocais e Marquinhos na Bateria). Bandona mesmo.
A proposta financeira era tentadora. Tudo estava colaborando. O resto do pessoal da banda tudo gente boa, Marcio eu conhecia a séculos, foi meu primeiro parceiro de música no tempo do Pura Magia (bandinha de pagode ao qual comecei a tocar), o que já deixava o ambiente mais "familiar" do que já estava, afinal, a base da banda era a minha banda.
Tudo estava perfeito. Soubemos que teria duas bailarinas com a gente. Yes! Gostosas na banda!
Após 3 meses de ensaio, estruturando repertório, chegava a hora da partida rumo ao litoral (eba!)!
10 de Dezembro, a banda sobe no palco do "Sobradinho" (nome da casa do cara), nervosismo? Não, a partir do meu terceiro ano de contrabaixo esqueci o que era nervosismo pré-palco, o que sempre quis era subir lá e apavorar, arrebentar, gostassem de mim ou não, afinal, quem estava no palco era eu, defendendo o que acho que sei fazer bem, tocar.
Morávamos em uma república, muito bacana. Lá aprendi que o Bahia faz o melhor macarrão do mundo e o melhor Strogonoff. Aprendi que amigos você faz em todos os lugares, e por mais incrível que pareça, todos são parecidos com seus amigos, porém com menos intimidade e confiança. Aprendi que nos surpreendemos a cada dia com pessoas que não dávamos a mínima antes, e que por capricho do destino, estão do nosso lado nos momentos mais difíceis de nossas vidas.
Aprendi a valorizar cada segundo que passamos ao lado dos nossos amigos. Aprendi que nossa casa tem um cheiro, que não consigo explicar em palavras, mas que sempre vai ficar em sua memória e que sempre quando voltar pra ela, vai sentir um friozinho na barriga. Aprendi que as ruas, as mesmisses de nossa cidade, são valiosas demais e que, talvez em uma quinta-feira a tarde, por mais que você esteja em frente ao mar, curtindo mulheres de biquines, você desejaria estar, por um instante, com o seu amigo chato, sem estar fazendo nada, apenas olhando a rua, o lugar, o banquinho de sempre.
Aprendi que realmente seus pais, sua família é o seu abrigo, o seu porto seguro, e que realmente você sente medo de perder eles, que você deve curtir extremamente seus pais. Sair pra jantar com eles naquela casa da amiga que só da velhos, falar sobre política, rir das piadas que seu tio conta todo o Natal em volta da casa da sua Vó. Saber que as frases "nossa, como vocÊ está lindo" são manjadas, mas são sinceras, pois só estando longe por muito tempo, você aprende que quanto mais saudades você guarda dentro de si, mais belo fica o sentimento quando reencontra o motivo dela. Aprendi que os drink's da praia são melhores que os do interior (isso vale pro churros e pro milho verde).
...Passamos bons bocados lá. O que foi tratado, não foi feito. Saímos do "Sobradinho", todos voltaram para Foz, todos exceto eu e Tiago, que resolvemos tentar a vida por lá, tocar em quiosques, barzinhos, fazer o que saímos pra fazer. Fiz minha primeira tatuagem. Passei meu primeiro Natal longe da família, porém com uma nova família. Passei duas noites sem durmir por orgulho de não ligar pros pais pedindo dinheiro, pois queria provar que conseguiria sozinho. Dei meus primeiro autógrafos. Chorei escondido. Conheci o Tubão (bebida do caraleoooo). Quase surfei. Namorei uma guria da Capital sô. Não aguentei e voltei.
Sim. Estava tudo ocorrendo bem. Tocávamos em um quisque todos os dias. Era muito bacana, os quiosques do lado com 3 casais e nosso com 100 pessoas. Virou o
point. O encontro. O "esquenta" antes da balada.
Porém a chuva esfriou. Não parou de cair do céu. O dinheiro começou a sair, e não entrar como antes. O tédio foi entrando. Nem o Tubão resolvia. Embora resolvi voltar. Seguindo conselhos e sentindo que a hora era aquela, voltei. Para a felicidade dos meus pais, dos meus amigos, para a minha felicidade. Minha rua. O cheirinho inesplicável da minha casa. A minha cama. As tardes vazias sem ter o que fazer, apenas vivendo. Muito bom.
Mas minha história de vida cigana continua, essa foi a primeira aventura. Em alguma outra postagem continuarei.
Obrigado por quem ficou lendo até esta frase.
CRIE !
P.S.: Não notem se errei algumas coisas, não revisei o texto, estou com sono.